DE PASSAGEM...

domingo, 18 de janeiro de 2009

Férias - Julho 2008

Julho 2008, foi mês de férias.
O objectivo era aproveitar para fazer um pouco de praia, voltar a visitar os Pirinéus, conhecer os Alpes, regressando por Andorra, não sem que antes se tentasse de novo uns dias de praia.
Claro que Pirinéus e Alpes, e como não podia deixar de ser... metiam o Tour 2008 pelo meio.
Resumir 28 dias de férias, não será tarefa fácil, e muito menos selecionar fotos entre as quase 2.000 que tenho em arquivo.
Vou dividir por capitulos, mantendo tudo nesta mensagem, para que não fiquem dispersos e intercalados com outros textos.
A pouco e pouco, espero conseguir fazer o "trajecto" todo.
Vamos lá então...

CAPITULO 1 - BIARRITZ
Saída de Camarate, dia 3 ao final da tarde, dormida logo após a fronteira de Vilar Formoso, no parque de estacionamento duma bomba de gasolina em Fuente de Onoro (N-40-35-29; W-06-47-25), junto com muitos camiões e mais duas Ac's.
No dia seguinte, rumámos até Biarritz, em busca da Praia de Milady já referenciado quer em Blogues, quer mesmo em sites com locais de referência de Áreas de Serviço e de pernoita (N-43-27-58; W-01-34-17).
Por ali ficámos alguns dias, e porque o tempo estave meio "farrusco", inclusivé chegou a chover, aproveitámos para umas passeatas de bike, conhecer Biarritz, e, sentados nos bancos do jardim da Praia de Milady, desfrutar dos "pôr do sol" lindissimos.
Belos passeios, quer a pé, quer a pedalar, pelos arruamentos e jardins junto á praia, aproveitando o ar puro e a brisa do mar.
Claro que, na ultima noite, não podíamos deixar de seguir o conselho do blogue do companheiro Decarvalho, e ir comer uns crepes no restaurante da praia...5 estrelas.
Num dos dias, aproveitámos também para sair com a nossa AC, e dar uma volta mais alargada pelas redondezas, porque, de bike....enfim, diria que era um demasiado "puxado" para nós.
Uma mais valia daquela AS, é o hipermercado que dista 5 minutos a pé.



CAPITULO 2 - PIRINÉUS
No dia 11, bem cedinho, começámos a deslocação para os Pirinéus, mais concretamente para o Col d'Aspin, local pré-definido para o nosso primeiro encontro com o Tour 2008.
Antes de sairmos da AS, atestar de água e vazar cassete e águas sujas.
Mas, e porque havia que desbravar um pouco de caminho para futuras incursões, ainda passámos por Bayonne, Tarnos e Ondres, em cuja praia existem parques de estacionamento, sendo que, num deles, são permitidas as AC's e tem Área de serviço (N-43-34-34; W-01-29-13).
Fomos percorrendo calmamente os kilómetros até Pau, onde encontrámos umas "companheiras" estacionadas no parque do Carrefour. Local ideal para reabastecer a despensa da AC e almoçar.
De referir que, todas as refeições destas férias, foram feitas na AC. Foi uma opção tomada antes da partida e visava alterar refeições simples com outras alijeiradas e mais á base de saladas. Havia um objectivo bem presente na minha mente, mas saíu-me o tiro pela culatra...voltei no final com mais 3 kilitos.....algo correu mal...se calhar passei "fome"....ou sede...
Após o almoço, lá seguimos caminho, passando por Lurdes, embora sem parar, pois tinhamos lá estado no final de Setembro 2007, e havia necessidade de chegar ao Aspin o mais cedo possivel, afim de conseguir arranjar um bom lugar para estacionar a nossa casinha, e ali ficar 2 dias, pois a etapa do Tour era, no só domingo, dia 13.
Á medida que nos aproximavámos de Campan, começou a chuva miudinha, que não mais nos largou durante esse dia, e não só.
Bem, vontade de ficar lá no alto, era coisa que não nos faltava, só que...umas quantas centenas, chegaram lá primeiro que nós. Solução? Começar a fazer a descida (que seria subida pelos ciclistas), e tentar encontrar um buraco onde nos enfiarmos, tarefa que anteviamos dificil, pois já conheciamos bem aquela estrada, e não tem grandes sitios para meter carros, quanto mais AC's.
E acabou por ser literalmente num buraco que a consegui meter, 4,2 kms após o alto.
Alguém cá de casa duvidou que eu a conseguisse ali estacionar, mas consegui.
Mesmo ao lado já lá estava um alemão, que pela cara que fez....deve ter pensado "este tipo é mesmo doido".
Bem, após desviar uns velhos pneus que ali estavam, toca a estacionar maravilhosamente abrigada naquele buraco aberto nas rochas, quase em geito de gruta. Perfeitamente nivelada, de frente para o asfalto, mas em segurança e com a frente completamente fora do mesmo.
Pela primeira vez, dormimos num local sem qualquer tipo de iluminação exterior, de tal modo que tive de desligar as luzinhas interiores do painel dos niveis de água e bateria, pois provocavam um incómodo clarão dentro da nossa casinha.
Óbviamente, apenas ali ficámos, pois tratava-se do Tour, e até já havia companhia, mas para ali pernoitar, sem ser na altura desse evento desportivo, não recomendo. Aqui ficam as coordenadas: N-42-56-00; W-00-48-26.
De qualquer modo, há lugar para duas, talvez mesmo, 3 autocaravanas.
Lá fora era escuro como breu, e cerca das 22 horas, mais alguém estacionava do lado oposto, uns espanhóis com uma autovivenda. Estiveram quase uma hora para a estacionar, e só estava a ver quando a metiam pela barreira abaixo.
Entretanto o tempo começou a piorar, um vendaval terrivel, os espanhóis a terem que fechar o tecto da autovivenda, senão ficavam sem ele, e eu a rir-me do meu abrigo rochoso. Ah pois é...sem querer acabei por arranjar um abrigo, em que quase não se sentia o vento, mesmo sem os estabilizadores. Maravilha, especialmente para minha companhia, que adora dormir ao som da chuva.
No dia seguinte sábado, acordámos já com o trânsito cortado ás AC's, e a seguir ao almoço, fizeram o mesmo em relação a todo o tipo de viaturas. Ali não brincam em serviço.
O dia foi passado "obrigatóriamente" dentro da AC, recorrendo á leitura, TV e repouso, pois lá fora todo o dia choveu.
Domingo, o tempo melhorou um pouco, romaria de milhentas pessoas de bicicleta subida acima, como de resto já é habitual em tudo o que são contagens de montanha nos Pirinéus.
É impressionante ver, desde crianças de 10 anos, senão mesmo menos, até homens e mulheres, com 70 ou 80 anos. Não acreditam? Vão lá um dia e depois contem-me.
E lá vimos a nossa primeira etapa do Tour, precedida, ao longo de cerca de 45 minutos, do espectaculo sempre deslumbrante da caravana publicitária.
Havia o objectivo de, dali, rumar ao Tourmalet, tinha a informação de varios policias que o acesso até La Mongie estava aberto e era barrado ali.
Mas, para pena minha, a policia arranjou uma caldeirada tão grande ali mesmo no cimo da Aspin, que, quando soube da previsão de que lá para as 22 ou 23 horas deixariam começar a descer para Campan, dei meia volta e toca a rumar em direcção ao Mediterrâneo.
Descemos até Arreau, passagem obrigatória no Lago de Loudenville, local onde pernoitámos 2 dias no ano 2007, e que recomendo vivamente (N-42-48-07; E-00-24-33).
Há vários locais onde as AC's estacionam, á beira do lago, e em ambas as noites, e em locais diferentes, tinhamos tido sempre companhias.
Ao passar ali, não pudémos esquecer o lindo cenário com que deparámos em 2007, ao acordar após a primeira noite ali passada: tinhamos neve até quase ao Lago, a estrada onde tinhamos passado na véspera já estava cortada, e tinha sido o primeiro nevão do inverno desse ano.
Bem, seguimos caminho, subindo o Peyresourde (bem mais fácil do que na ultima que o tinha feito, em Julho 2007.....de bike....ai tanta dôr!!!!!!! melhor nem lembrar) e rumando até á Área de serviço de Saint Girons, já por mim referenciada como sendo para pernoitar lá.....no dia seguinte (N-42-59-15; E-01-08-22).
Enfim, ficámos com um dia de avanço no nosso planeamento. Muitas companheiras por lá, e um local bem sossegado para, num regresso á civilização, dar sequência ás duas noites dormidas numa "gruta", lá bem no meio da serra.
Depósitos de águas sujas e cassete despejadas, o dia era para fazer a aproximação ao Mediterrâneo, e assim foi, com passagem por Carcassone, a qual se tornou num verdadeiro inferno, pois era o 14 de Julho, e com as coomemorações e desvios de trânsito, fizeram-me andar por becos e vielas, onde um carro já passava mal, quanto mais uma AC.
A muito custo, e porque não dizê-lo, com uma infracção pelo meio (não havia gendarmes á vista), lá me livrei daquilo e seguimos até Palavas les Flots, local onde tinha previsto a Área de serviço (N-43-31-50; W-03-55-23), mas, porque estava totalmente cheia e já com algumas esperando a sua vez, optámos pelo Camping les Roquilles (N-43-32-18; W-03-57-35), um dos vários que por ali existem.
Digamos que foi a única dormida paga ao longo das férias, 21 €, que não sendo barata, sempre era menos do que os 30 e tal que me pediram num outro Camping ali perto, mas em troca de sossego, e com acesso aos balneários e duches, o que nem sequer foi aproveitado...lar, doce lar, sabe melhor.
Mais uma óptima dormida, o que aliás, foi uma constante ao longo das 28 noites das férias.



CAPITULO 3 - MEDITERRÂNEO
Dia 15, após pequeno almoço tomado, breve ida a Montpellier, regressar a Palavas les Flots, e seguir viagem, já com o depósito atestado de gasóleo.
O objectivo, era a aproximação a Marselha, apontando para a AS de Port de St. Louis du Phône, e rodando sempre o mais perto possivel do mar.
Assim, Aigues Mortes foi local obrigatório para uma paragem e breve visita, seguindo-se Arles, quase sempre ladeando os canais, e por fim o Rhône.
Já perto do nosso destino, e porque ainda era muito cedo, um desvio á direita para ir visitar Salin de Giraud, local alternativo por nós referenciado, e que também tem uma AS.
Surpresa (diria melhor...desconhecimento) havia que atravessar o Rhône de barco.
Poucos minutos tivémos de esperar, e lá entrámos, logo atraz de mais duas AC's francesas, para a rápida travessia dos cerca de 200 metros que separam as margens do rio, a bordo de uma das Bacs de Barcarin, pelo valor de 4,5€. Á saída, a indicação de praia para a esquerda, e centro de Salin para a direita.
Tempo era coisa que não faltava, por isso, vamos lá espreitar a praia, e eram várias as AC's que se iam cruzando ao longo dos sinuosos 14 Km's que fomos percorrendo, com o Rhône á nossa esquerda e a imensidão de salinas á direita, até chegarmos á Praia de Piemanson.
A estrada vai dar ao meio dessa praia, de frente para um posto de socorros, e estende-se, aproximadamente, 2,5 km para cada lado, sendo que, em ambas as extremidades, ainda existe mais areal, não sei com que extensão, destinado a naturismo.
Para nossa surpresa, havia mais de duas centenas de AC's estacionadas ao longo do areal, juntamente com muitas outras viaturas ligeiras, duma forma que, longe de se poder chamar ordenada, era todavia, e isso é muito importante: ordeira.
Escolhemos um local a cerca de 50 metros da água (N-43-20-50;E-04-47-08), e ali almoçámos.
Enquanto a comida era preparada, aproveitei para ir sentir a temperatura da água. Que agradável surpresa…bem quentinha e o mar calmo. Assim sendo, porque não aproveitarmos o tal dia que tínhamos de avanço em relação ao previsto, agradecer a “caldeirada” armada pelos gendarmes lá no cimo do Aspin, e por ali ficarmos recarregando as baterias?
Se bem pensámos melhor o fizemos. As companhias, pelo menos de dia, eram sossegadas, havia vigilância periódica da polícia, com várias rondas, e por vezes até abordavam companheiros franceses, quer em AC, quer em viaturas ligeiras, para verificação documental.
Quanto mais não fosse, essa presença transmitia-nos também a sensação de segurança tão necessária para as nossas viagens e pernoitas.
Á noite e após o jantar, tempo para fotografar o pôr do sol e mais tarde o luar espelhado no mar calmo.
De noite, e a contrastar com a calmaria absoluta que ali se respirava, apenas se ouvia a suave rebentação das poucas ondas do mar, ali bem pertinho de nós.
O dia seguinte, para desenferrujar as pernas, e aproveitando para ir fazer pequenas compras, uma mochila ás costas, e lá fomos os 2, nas nossas bikes, até Salin de Giraud. Visita ao posto de turismo, comprar 2 ou 3 coisas necessárias, visitar a AS, para ficar a saber onde era, e regressar, com uma pausa num miradouro sobre as salinas.
Foram cerca de 33 kms, que fizeram um bocadito de mossa nas pernas da minha "ciclista", mas nada de que não recuperasse de tarde.
Após o almoço, o tempo foi aproveitado para passear á beira mar, ver TV, sucessivas banhocas, quer de mar quer de sol, enfim VIVÓ DESCANSO…..
O que vou dizer a seguir, pode não parecer muito bonito, mas porque é verdade, não me inibo de o fazer: quase todas, se não mesmo todas as AC’s, tínhamos os toldos abertos, pois o sol era tórrido, e muitos de nós, fazíamos uso das mesas de camping, para a toma das refeições.
Ali, naquele sitio, é assim que todos fazem, sempre com respeito por tudo e por todos, pois não se via qualquer lixo, ensacado ou não, junto ás AC’s, nem durante a sua estadia, nem após se retirarem.
Também reparei que muitas, saiam dos seus locais, voltando passado 2 ou 3 horas. Era, certamente, o tempo de ir á AS de Salin de Giraud, e aproveitar para reabastecer de alimentação. O respeito pela natureza, ali, e como deveria ser em muitos outros locais, é uma palavra de ordem.
Nova noite e novo silêncio absoluto.
O único ponto negativo, e nada tem a ver com as AC’s, é o facto de alguma malta nova que aproveita para ir ali montar a tenda ao final do dia e pernoitar, não pegar nas garrafinhas das bebidas e ir colocá-las nos enormes contentores que se encontram junto ao restaurante, perto do posto de socorros. Ficáva-lhes muito bem, mas enfim…
Os contentores estão lá para isso, e ao final do dia, via-se muita gentinha a sair das AC’s, nós próprios incluídos, de saquinho bem atado, e ir lá colocá-los.
E no dia seguinte,enquanto nos dirigiamos até á AS de Salin de Giraud (N-43-24-43;E-04-43-52), deliciámo-nos com o espectaculo dos bandos de flamingos ao longo das sucessivas lagoas. Na AS aproveitámos para os necessários despejos, e toca a reabastecer o frigorífico num supermercado local.



Ainda tempo para visitar o museu do sal, e de seguida atravessar de novo o Rhône e ir até á Port de St. Louis, onde verificámos que a tal AS (N-43-22-59;E-04-48-26) estava provisoriamente encerrada, devido ao facto de aquele espaço estar a ser aproveitado para estaleiro dumas obras no Porto.
Todavia, placas indicavam uma Área para as AC’s. Por curiosidade dirigimo-nos até lá, e era mesmo verdade, lá estavam cerca de 25. Apenas vi uma torneira de água potável (N-43-23-06;E-04-49-09), onde de resto abasteci a minha semovente. Quanto a local para vazar águas sujas, ou cassetes, confesso que não vi, ou não existirão mesmo, pois o local era provisório. Apenas reparei em sumidouros espalhados ao longo da zona, mas que, a meu ver, serão de águas pluviais.
Enquanto atestava o depósito de águas limpas, lá apareceu um francês, que afinal… era português, emigrante e já reformado, que vai sempre para aquela zona passar férias.
Há portugueses em todo lado….
Retomámos o nosso caminho, sempre perto da costa, com paragem obrigatória em Aigues Mortes, seguindo-se Marselha, Toulon, Saint-Tropez até Cannes.
O almoço foi numa sombra ( N-43-16-47;E-05-42-15) que arranjámos na proximidade da AS de Cuges les Pins.
Falando de Saint-Tropez, aquilo é um verdadeiro “atentado” ao Zé Povinho….
Junto á marina, e no constante entrar e sair de iates, espalha-se uma riqueza (vá lá saber-se quanta não será apenas aparente e quanta “miséria”, quanto mais não seja de alma, não esconderá).
Num dos iates que atracava, os passageiros eram…5 esculturais beldades, apanhando banhos de sol nos luxuosos sofás, e de flutes nas mãos, bebendo os seus drink’s da ordem….
Não quero ser mauzinho, mas por curiosidade, na tripulação, apenas vi homens… (atenção, eu não disse nada, só pensei, ok?)



Dali, contornámos toda a baía, num pára arranca constante, até chegarmos a Saint-Aygulf, onde encontrámos um local junto ao mar, para jantar e retomar o nosso caminho.
Na aproximação a Cannes, logo vimos um local apetecível para pernoitar, pois até já lá estavam mais 3 AC’s, mas, porque já era noite, e queríamos espreitar o ambiente nocturno daquela cidade, seguimos até lá, e, realmente, aquilo mais parecia o Rossio em hora de ponta. É mesmo impressionante.
Pena que os gendarmes não dessem qualquer hipótese para estacionar a AC. Pura e simplesmente dá logo direito a reboque. Curiosamente, tentei obter informações sobre pernoita da AC ali em Cannes, e, junto ao mar, no Boulevar du Midi (N-43-32-57;E-06-59-32), uns diziam que podíamos pernoitar, desde que saíssemos antes das 9 da manhã, e outros diziam que não….Vai daí, e porque para chatices já bem bastam as do nosso dia a dia no trabalho, toca a voltar até ao local visto anteriormente.
E assim lá fomos até ao enorme parque de estacionamento do Centro Comercial Geant (N-43-32-02;E-06-55-57), onde nos juntámos às anteriormente vistas, e a mais uma que tinha chegado entretanto. Aconselho aos companheiros este local, pois, á falta de melhor opção, é bem sossegado, e beneficia, tal como também nos tinha sido pelos polícias, das câmaras de vigilância do centro comercial.
No dia seguinte, toca de levantar cedinho, pois havia que atravessar Cannes, e se aquilo já era o reboliço que tínhamos visto á noite, não fazíamos ideia do que poderia ser de dia.
Por acaso, até que nem foi mau de todo, fotos sempre em andamento, e aproveitando o facto de não haver gendarmes por perto, ainda estacionei escassos 2 minutos junto a um quiosque, para comprar uns postais já prometidos para colegas filatelistas, mais umas fotos, e toca a andar, antes que aparecesse alguém a dar-nos na cabeça.
Junto á costa até Antibes, Nice até chegarmos ao Mónaco.
Paisagens encantadoras, dignas do que sempre ouvi dizer da Côte d’Azur, e para as quais escasseiam as palavras para as definir. Queremos lá voltar, e talvez nessa altura encontre os adjectivos para aquelas paisagens.



Mónaco, que dizer do principado? Que dizer de Monte Carlo? Que tem uma beleza arquitectónica espectacular e que nunca vi tanto Ferrari por metro quadrado…
Tinha informações que ali não deixavam estacionar as AC’s, mas verifiquei que era falso. Quando cheguei ao parque de estacionamento junto á marina (N-43-44-12;E-07-25-20), ali estavam 2 companheiras, uma delas até com ticket de estacionamento no pára-brisas. Trata-se da zona das boxes do circuito das categorias que não a Fórmula 1, essa é mais acima).
Fiz o mesmo que eles, e porque era cedo para almoçar apenas comemos uma sandocha, do que mais tarde me vim a arrepender, e de que maneira…
Aproveitámos para coleccionar mais uns postais, passar a marina repleta de iates, percorrer o tão famoso túnel do circuito escutando o roncar dos Ferraris que por ali passavam, e subindo até á curva do casino.
De regresso á nossa casinha, agora ainda mais acompanhada doutras irmãs, aproveitei para ficar com uma foto ao lado dum vermelhinho, pois estávamos mesmo junto ao local de saída e chegada dos Ferraris, alugados para dar uma volta ao circuito, piloto 85€ e acompanhante 45€. Também se pode ir á boleia, isto é, conduzido por um elemento da empresa de aluguer, e paga os 45€.
Estive mesmo tentado a fazer uma extravagância, mas a ir, seria na companhia da minha “patroa”, e como eu não conhecia o traçado, não arrisquei, antes que me perdesse e ainda viesse ter a Camarate de Ferrari…Mas uma coisa é certa, a promessa está feita, e tal próxima viagem até á Côte d’Azur, lá teremos de ir experimentar um bólide daqueles.
Porque o nosso destino nos Alpes ainda estava longe, toca de seguir caminho em direcção a Menton, logo seguido da fronteira com Itália (muitas AC’s parqueadas ali mesmo), e a partir um verdadeiro suplicio, de susto em susto.



Realmente não sabia, nem ninguém me tinha avisado dos loucos das motas em terras transalpinas. É demais, sempre em contra-mão obrigando-nos a travagens sucessivas.
Tínhamos em mente comer uma pizza ao almoço, as pizzarias eram mais que muitas, lugares para estacionar nem vê-los, e só havia era que seguir em frente.
Foi um calvário tremendo, todos aqueles kilómetros, de tal modo que passámos San Remo, e nem arrisquei a ir em busca de AS’s referenciadas previamente. Eu queria, era ver-me livre daquele caos junto á costa.
Já era bem tarde, e a fraqueza já provocada dores de cabeça, quando lá encontrei un sitio minimamente em condições para estacionar e almoçarmos. Nem sei bem onde foi, mas creio que perto de Taggia.
Chegados a Imperia, e finalmente, eram horas de deixar a costa e seguir para o interior, tentando chegar ao destino previsto, Prato Nevoso, estância de ski, onde 2 dias depois, haveria uma chegada do Tour. Restava saber se a “loucura da velocipedia” nos Alpes, era tão grande como nos Pirinéus.
E lá chegámos aos Alpes...



CAPITULO 4 - ALPES (ITÁLIA)
Chegados á subida de Prato Nevoso, ficámos admirados por haver tão pouca gente já ali instalada.
Sabíamos que a etapa seria só 2 dias depois, mas se tal fosse nos Pirinéus, já estariam a abarrotar de público.
Fomos subindo, e só bem lá para cima é que já se via algum movimento característico das grandes chegadas em alto.
E de tal modo era a situação que, na zona da meta, nem barreiras havia ainda, e podíamos passear livremente.
Descobrimos uma….pizzaria…..estava ali a desforra do almoço falhado.
Logo nos abastecemos para o jantar, diria que até exagerámos no abastecimento, mas enfim.
Os policias, simpaticamente, diziam-nos que havia ali zonas para aparcar as AC’s e que havia muitos lugares, e lá tive de lhes explicar que não queria ficar, pois nunca gostei de ver ciclismo nas chegadas em alto. É que depois para sair de lá, é que são elas.
Por acaso, e passado 2 dias, abri a minha primeira excepção em toda a minha vida, mas foi por uma boa causa….lá chegaremos.
Depois de fazer uns bonecos da estância de ski, eram horas de ir descendo em busca de um lugar para estacionar a AC, o que não foi difícil, pois a fartura era bastante, acabando por ficar a cerca de 3 kilómetros do alto (N-44-15-42; E-07-46-32), local escolhido, a viatura mais próxima de nós, distava bem mais de 150 metros, mas na manhã seguinte, quando acordámos, a realidade era outra…., e diga-se que no dia da etapa, então é melhor nem falar, aí já não havia lugar para mais nenhuma viatura.
Mas, e depois de devidamente estacionados, toca a jantar, não sem nos lembramos das nossas miúdas e seus “respectivos”, a quem até fizemos uma “saúde” muito especial, com a sangria “Maria Olé”…sim é esse mesmo o nome, Maria Olé, não conhecia aquela marca quando comprei num Carrefour, ainda em França, mas depois, e por muito que tenha procurado, não encontrei mais, e foi pena, pois era excelente.
Na noite até nem estava muito fria, ainda vim arejar um pouco, e dei com um espectáculo fabuloso: milhares e milhares de Vaga-lumes (pirilampos), quais mini faróis, quer nas arvores, quer no chão. Confesso que nunca tínhamos visto tal.
Manhã seguinte dedicada ao descanso, até porque o tempo estava convidativo a tal, mas de tarde lá nos decidimos a fazer uma caminhada até lá ao alto, não só para passear, como também para fazermos umas compras num supermercado que tínhamos visto na véspera.
E realmente a “paisagem” já estava bem diferente, agora já parecia que ia haver ciclismo.
Nunca pensei que nos Alpes, houvesse um bar com um nome a homenagear o meu clube…ah pois é, o SPORTING é tão grande, que até lá aparece.
Deliciei-me com uma exposição fabulosa, dum particular e antigo ciclista italiano, que ali tinha as antigas “máquinas voadoras”, algumas delas, já centenárias. Juntamente com os equipamentos em exposição, era digno de um museu.
Umas compras para recordações, mais uns postais para enviar devidamente selados a colegas filatelistas, abastecimento no supermercado, mais umas fotos com muito nevoeiro á mistura, e regresso á nossa casinha, cada vez mais “acompanhada”.
Dia seguinte, 20 de Julho, o continuar da romaria serra acima de milhares e milhares de pessoas de bicicleta ou a pé, e por fim o habitual espectáculo da caravana publicitária, a anteceder a passagem dos cavaleiros do asfalto.
Entretanto, já havia invertido a posição da AC, para, como já é hábito, arrancar para outras paragens, mal passasse o fim da caravana (dito carro-vassoura).
Assim foi, com os “carabineri” e a portarem-se bem melhor que os “gendarmes” lá no Aspin, mas permitindo uma deslocação lenta até Cuneo, pois havia sempre que dar passagem aos carros oficiais que entretanto vinham descendo e se dirigiam para aquela cidade, local onde, no dia seguinte, a esmagadora maioria dos milhares de pessoas que constituíam a caravana oficial do Tour, passariam o segundo dia de descanso.



Por nós, e passado Cuneo, dirigimo-nos ao Col de La Lombarde, onde, imediatamente antes de subir, aproveitámos a AS gratuita de Vinadio (N-44-18-24; E-07-10-14), para despejos e reabastecimento de água.
Subida espectacular, tal como a descida que se lhe seguiu, até chegarmos a Isola 2000, já de noite, e avistar 2 AC’s devidamente estacionadas, e que nos serviram de companhia para essa noite.
No alto dessa montanha, era a fronteira Itália / França, pelo que havíamos reentrado em França.
Para sempre, na retina, ficará aquela exposição fabulosa, dum particular e antigo ciclista italiano, que ali, bem no Alto de Prato Nevoso, tinha as antigas “máquinas voadoras”, algumas delas, já centenárias. Juntamente com os equipamentos em exposição, era digno de um museu.



CAPITULO 5 - ALPES (FRANÇA)
Manhã de dia 21, Isola 2000 ia ficar para traz.
A pernoita havia sido junto a uma escola, e o destino seria o Col La Bonette-Restefond.
Pelo caminho, em Saint Etienne de Tinée, aproveitámos para pequenas compras alimentares e atestar de gasóleo, por sinal o mais caro das férias, a 1,541€/lt e iniciar a subida que nos levaria a altitudes "nunca dantes navegadas".

Aparcámos a quase 2.520m de altitude onde tive a experiência de circular um pouco de bicicleta, e….meus amigos…o oxigénio começou mesmo a faltar, obrigando-me a ter de parar a meio, não por dor de pernas, mas porque a respiração se descontrolou de tal forma que, se insistisse, o mais certo era cair para o lado.
Fui até ao alto, a 2.850m acima do nível do mar, e não duvidem do quanto custa fazer aquilo em esforço, se a pé já custa, a pedalar, mesmo que em ritmo lento, então é mesmo para sofrer.
Depois do almoço, e apesar do vento frio, acreditem que, abrigados pela AC, até deu para apanhar banhos de sol (N-44-20-26; E-06-50-19).
Inclusivé, e porque de manhã, eu tinha visto que ainda havia zonas com neve e bem perto da estrada, fomos até lá. Sol, neve, frio, calor, havia de tudo.

De noite, a temperatura chegou aos 5 graus negativos, mas, e publicidade á parte, ou a Joint tem um isolamento muito bom, ou então somos nós que, cada vez mais, aguentamos melhor o frio. Sinceramente, não penso que seja esta segunda hipótese.
O dia 22 de Julho, não começou bem. Um Laguna de matrícula francesa, ao tentar estacionar atrás da nossa AC, e em sitio onde não havia espaço nem para um Fiat 600, bateu com a “bola” do reboque no para choques, fazendo estalar a fibra.
Ainda era bem cedinho, cerca das 7h30m, e por acaso já estávamos acordados e a ouvir o barulho do carro. Se assim não fosse acho que era ataque cardíaco, de certeza.
De imediato saltei da cama, e de calções vestidos á pressa, vim ver o que tinha acontecido…,e ele na maior, como se nada tivesse feito.
De aspecto duvidoso, fiquei de olho em cima dele, mas tive de vir buscar agasalho, porque estava frio e vento. Apanhou-me dentro da AC e toca de se meter no carro, ligar o motor e arrancar….mas azar o dele, anotei a matricula e fiquei atento ás curvas que se avistavam mais abaixo, até onde a vista alcançava, e ainda eram uns kilómetros.
Olhando para baixo e não aparecendo meia dúzia de curvas abaixo…toca a tirar a bike da bagageira da AC, falar com um “vizinho” duma AC francesa e que também dava ao pedal, e quando ia para iniciar a descida de cábula em punho…,eis que aparecem policias de moto. Falei com um deles, mostrei-lhe a estaladela no para choques, disse-lhe o que se passou.
De imediato nos acompanhou e não foi preciso andar muito, acho que nem chegou a 1,5 km e ali estava o dito cujo.
Já no banco da direita, fingindo sono profundo, e despercebido em relação ao meu bater no vidro do carro…,mas azar, logo de seguida foi o polícia a bater, e aí…alto, a conversa mudou de figura. Ainda começou por desmentir e dizer que já estava ali á horas, o gendarme colocou a mão no capot, pediu-lhe a carta de condução e carta gris (nosso livrete), guardou-as no bolso, e só lhe disse que: “Ou assinas a declaração de amizade e te dás como culpado, até eu voltar para cima (ele andava a policiar e limpar a estrada ao longo dos cerca de 25 kms de subida), ou vais logo de seguida lá para baixo, para a esquadra de Saint Etienne de Tinée, pelo menos durante 48 horas”
E lá assinou, embora a odisseia só tenha terminado mais de 2 horas depois, quando o gendarme voltou para cima. Bem dizer que já terminou, é um bocado lírico pois até agora o assunto ainda anda no seguro, porque falta sempre qualquer coisa.
Enfim…seguros…,quanto menos forem preciso, melhor.
Uma curiosidade…como estávamos ali numa zona protegida, a caravana publicitária estava proibida de lançar qual brinde, fosse de que tipo fosse, para os espectadores.
A preocupação da limpeza e preservação da natureza, ali é levada a extremos pouco comuns, mas servem de exemplo para muitos e muitos locais.

Passagem da etapa, e logo de seguida, o sonho era rumar até Alpe d’Huez….quer dizer, tinha isso como um sonho, mas estava mentalizado para aparcar por lá perto, pois, á hora a que lá chegássemos, certamente a estrada já estaria cortada…
Pois é, surpresa agradável…cerca das 22 horas, e quem diria…allez, allez nem um policia havia.
Em contrapartida, logo ali em Sarennes, comecei a entender o porquê de ser chamada a “montanha laranja”.
Com efeito, os holandeses invadem o Alpe d’Huez, pois aquela montanha tornou-se mítica para eles devido ás inúmeras vitórias ali conseguidas pelos seus compatriotas.
Para mim, pessoalmente, aquela montanha também significava algo. Ali, numa das 21 curvas (em cotovelo) existentes ao longo dos 13,8 kms de subida, existe algo que diz respeito a Portugal. Uma das curvas, tem uma placa e o nome do NOSSO GRANDE JOAQUIM AGOSTINHO (chamarem-lhe Joachim, é que não tem lá muita piada, mas enfim).
As curvas têm o nome dos vencedores das chegadas lá no alto, e em 1979, ele fez história, e pôs Portugal no mapa dos vencedores daquela subida mítica.

Conheci-o pessoalmente, e cheguei a treinar (diria antes….rapar) alguns kilómetros com ele. A tal camisola da BIC, referenciada no capítulo anterior, foi ele que me ofereceu, na sua casa em Casalinhos de Alfaiata, e eu estava prestes a cumprir o sonho de ver a “sua curva”, mas isso seria no dia seguinte, já que tinha a informação que era a 3 ou 4, portanto perto da chegada.
Eram horas de romper por entre um mar de bandeiras laranjas que nos tapavam a já pouca visibilidade.
Muita cerveja se bebia ali naquela altura, e certamente que era apenas o principio da noite longa que tinham pela frente.
Iniciada a subida, era ir andando até ver se encontrávamos algum cantinho onde nos metermos.
Pois, de boas intenções, está o inferno cheio. Nem para uma agulha, quanto mais para a nossa casinha.
Não me assustei, pois tinha bem guardado na memória as imagens televisivas com os habituais mares de auto-caravanas aparcadas lá no alto.
Assim como assim, e ainda com o trânsito aberto e sem qualquer tipo de restrições, é porque haveria lugares lá no alto.
Assustada, e de que maneira…ia a minha patroa. Tremia em cada uma das tais 21 curvas, onde havia que romper o mar de gente que ali estava, cantando, dançando, bebendo, e até em alguns casos, gritando o nome de Portugal, pois, nem sei bem como, lá conseguiam ver a matricula portuguesa.
E lá fomos até ao alto, aparcando junto a um dos vários teleféricos do Ski (N-45-05-25; E-06-04-34), jantar rápido, pois entretanto já eram 11 da noite...
Noite bem dormida, mas cedo acordámos, e...no coments. Não era neve, era uma mar de brancura proveniente de AC’s. Acreditem ou não, dezenas de milhares de AC’s, sim disse bem, dezenas de milhares de AC’s.
Pequeno almoço tomado, e vamos lá a passear no Alpe d’Huez. Pequenas compras, pedido de informação da bendita curva do nosso Agostinho, e indicação que era a 3 ou 4... Pelo meio, deixámos encomendado um franguinho assado para mais tarde.
Acabei por solicitar a colaboração dos serviços de reprografia do Tour, para me fotocopiarem a dita declaração amigável de seguro, pois tinha de enviar por correio para Portugal o original, e não fosse o diabo tecê-las. Fui prontamente atendido, com uma simpatia 5 estrelas daquela malta. O meu obrigado.

Passagem pela AC para preencher uns postais e compor uns envelopes bem seladinhos, preparar mochilas, e toca a marchar em busca de um lugar para ver a etapa.
Passagem pelos correios e churrasqueira, descer aquela estrada onde mal se via a cor do alcatrão de tanta pintura ali feita, e lá vamos nós a descer.
Sonhei em ir para a “nossa” curva…a 1 era do Guerini, a 2 era do Pantani, a 3 idem, idem, a 4 do Conti,… o franguinho cheirava demasiado bem, toca a arranjar uma sombra, sentar e comer…seguir caminho…a 5 do Hampsten também não era….quanto mais descíamos, mais teríamos que subir, e aquilo empina bem, até que alguém se “barricou” e daqui já não desço mais….
Ok, ficou ela sentadinha, a 5 Kms da meta, eu ainda desci até á 6, do Bugno, também não era.
Já chegava de caminhada. Regresso até onde a minha companhia tinha ficado, e porque havia tempo, ainda fui ver até que horas funcionaria o teleférico, não que acreditasse que a minha patroa perdesse o terrível pavor àquele meio de transporte, tal como aos primos funiculares e afins.

Mas o milagre deu-se…ela já estava por tudo coitada…a pé já não dava para vir os 5 kms para cima, boleia também não creio que arranjasse, só lhe restava mesmo o “abençoado” teleférico.
Enquanto esperávamos pela prova, tempo de trocar SMS com o meu amigo Paulo Martins, da Eurosport, e lá veio a informação, que afinal era a curva 14…bem, então mais logo, aquando da descida, iriamos procurar a 14.
Ali, ao vivo e a cores, em desobediência total ás ordens dadas pelo Gendarmes, a loucura dos adeptos, mal deixando espaço para os ciclistas passarem. Pela nossa parte, e mal passou o Carlos Sastre a caminho da amarela e da vitória no Tour, optei por me juntar á patroa em cima do muro que delimitava a estrada.
Dali sempre se via mais alguma coisita, e pelo menos, tentava fazer uns bonecos.

E, antes que fosse tarde, ainda não tinham passado todos os ciclistas, e lá fomos rapidinho comprar os ingressos e deliciar-me com aquela paisagem vista lá do alto. Até deu para ver o ultimo grupo, bem grande, ainda subida acima.
No exterior das cabines, transportam bikes penduradas. Na nossa, tive a sorte dum pedal ter ficado entalado nas portas e ficar uma abertura por onde metia o braço e ia fotografando tudo o que me apetecesse. Os momentos parados para o cruzamento das cabines foi aproveitado ao segundo para apreciar as paisagens vistas bem lá do alto…deslumbrante.

Terminada a viagem, breve visita á Igreja de Notre Damme dês Neiges, com a sua invulgar arquitectura, passagem junto ao Hotel Pic Blanc, onde, para além da Liquidaz, também estava alojada a equipa do novo camisola amarela, a CSC do Carlos Sastre. Cá fora os mecânicos estavam em acção.
Continuação do passeio, aproveitando o ar puro, e fazendo horas para jantar e preparar a descida, pois só lá para as 21,30 ou 22 horas é que a estrada seria aberta para a saída das viaturas particulares que se encontravam lá no alto.
Em primeiro lugar havia que sair toda a estrutura do Tour, e, meus amigos, são milhentas viaturas, entre ligeiras e camiões, equipas e organização…aquilo é um mundo.
Jantar aviado, e ainda na duvida entre pernoitar lá em cima e ter de madrugar no dia seguinte para poder ir ver outra etapa, e descer á noite, mas ficar já despachado…vim ver como estava o trânsito, e…na mouche, exacto momento da abertura da estrada.
Rapidinho até á AC e vamos embora Maria…embora e olho nas placas das curvas, a ver onde era a do nosso grande campeão.
Não sei se fomos a 1ª AC a descer, mas pelo menos não vi nenhuma á frente.
Algumas houve que nos foram ultrapassando, pois descíamos nas calmas em busca da bendita 14….
Lá chegados, nada, 15 também não, e aí, confesso, pensei como tinha sido “burro”, pois entre a 6 e a 14, quase nem tinha visto os nomes, e ás tantas tinha-me passado despercebido. Inverter a marcha não dava….era azar, mas paciência, ficaria para outra oportunidade.
A 16 também não e a 17……Lá estava ela….nem 3, nem 4, nem 14….era a 17 (N-45-04-07; E-06-02-34).

No meio da noite, e do barulho das claques luxemburguesa e holandesa que ali estavam, certamente mal dormidos e bem bebidos (mas que ao perceberem que nós éramos portugueses e a curva era do Agostinho, desataram a gritar, Portugal, Portugal, Portugal…), a minha mulher lá serviu de fotógrafa fazendo uns bonecos, com pena nossa de fraca qualidade, pois o flash também nada ajudava.
Para o cidadão comum, aquilo nada significará, mas, para quem, já leva 35 anos de ligação á modalidade, para quem conheceu pessoalmente aquele homem, para quem praticou a modalidade, para quem teve duas filhas também a praticá-la, confesso que a emoção de algum modo tomou conta de mim naquele momento e não escondo que um maldito mosquito, me fez saltar uma “coisita” duma vista.
E naqueles breves momentos, entre as fotos que eram tiradas, passou-me pela memória as imagens da queda dele, do cão que se atravessou na sua carreira, do Zé Amaro e do Benjamim Carvalho a empurrá-lo até á meta, tanta coisa….mas também das imagens, tão longínquas quanto presentes, da sua vitória naquela mítica subida.
OBRIGADO CAMPEÃO PELAS MUITAS ALEGRIAS QUE NOS DESTE AO LONGO DA TUA CARREIRA.
Todavia, e ainda a propósito do nome da curva, e após ter regressado de férias, numa troca de mails com um outro apaixonado de ciclismo, autor do VeloLuso e jornalista de profissão, Manuel Madeira, do jornal A Bola, ele disse-me que na curva 14, há um baixo relevo do Agostinho, e na 17 é que está a placa...É possivel que assim seja, eu apenas vinha a ver as placas. Se assim fôr, o busto fica para uma próxima.
Bem, toca a terminar a descida, e buscar local para pernoitar, o que foi facílimo, pois havia AC’s por todo o lado, mas com muito espaço para aparcar.
Ficámos em Les Sables, por traz duma Igreja (N-45-05-32; E-06-00-37), junto com mais cerca de uma dúzia de companheiras.
Noite, mais uma vez, bem dormida, e ainda antes do pequeno almoço, opção por avançar para o percurso da etapa, mesmo ali ao lado, e seguir caminho, antes que fechassem a estrada.
Era dia 24 de Julho, dia de nos despedirmos do Tour, e fizémo-lo em Vizille (N-45-03-08; E-05-46-46).
Local nada do meu agrado para ver ciclismo, mas foi o que se pôde arranjar.
Passaram a tanta velocidade que, quando ia para sacar uns bonecos, já nem apanhei um grupeto em fuga, e optei por filmar o pelotão, ainda que, com a máquina fotográfica.
As imagens são “arrepiantes”, percurso plano, velocidade vertiginosa superior aos 60-70 kms/hora.

Entre as passagens da caravana publicitária e a dos ciclistas aproveitámos para almoçar, e assim ficar despachados para o resto da jornada.
O destino era…Salin de Giraud, o tal sitio paradisíaco, com aguas bens quentinhas, onde iríamos repousar 4 dias, para depois, regressar a Portugal.
A caminho do Mediterrâneo, referência para as muitas e belas paisagens, desde osn Lagos de Laffrey, La Mure, Gap, Sisteron (lindíssima….), Martigues, e até á AS já conhecida em Port Saint Louis du Rhône para atestar de água, barcaça para nova travessia, AS de Salin de Giraud, para jantar e despejos, e ….praia aí vamos nós.
Hora de parar uns dias, e, mais metro menos metro, no mesmo ponto onde já tínhamos estado.

CAPITULO 6 - REGRESSO A CASA
De 25 a 28 de Julho, Praia de Piemanson, e tirando uma ida á AS de Salin de Giraud, para os necessários despejos, aproveitando para mais umas compras alimentares, os dias foram passados em completo relax, banhos de sol, constantes idas á agua pois o sol apertava e bem, ver TV, descansar, descansar, descansar….e não perder os pôr do sol lindíssimos.
Também deu para ver que muita gente, á noite, vai pescar, aliás eu diria antes, vai pôr a minhoca de molho…é que peixe, foi coisa que não vi ninguém tirar.
Dia 29, bem cedinho, iniciámos a verdadeira viagem de regresso a casa, e logo com o espectacular cenário dos milhares de flamingos nas águas espelhadas das inúmeras lagoas que por ali existem.

O destino desse dia era Andorra, e assim foi. Arles, Saint Gilles, Perpignan, Prades, e em Bourg-Madame, optámos por não ir por Pas de la Casa, afim de evitar aquela dolorosa subida (se bem que já haja túnel….pago….), mas sim entrando um pouco em Espanha, em direcção a Seu d’Urgell, afim de depois, entrarmos em Andorra por Sant Julià de Lòria.
O almoço havia sido num pequeno parque de estacionamento a seguir a Olette, e ainda deu para ver passar, do outro lado do vale, um pequeno combóio turistico. Fez lembrar o combóio da linha do Tua, mas de certeza que este é bem mais seguro.
Os kilómetros tinham sido muitos, mas ainda havia tempo e disposição para comprar algumas coisas necessárias e já previstas, para a nossa AC, e sondar preços em dois hipermercados, com vista ao “avio” do dia seguinte.

Atravessar Andorra-a-velha, para além do habitual muito trânsito, é sempre agradavel, pois a limpeza da cidade, aliada ás constantes ornamentações assim o permitem, e a pernoita foi num parque referenciado em sites de auto-caravanismo, e localizado em Arinsal (N-42-34-18; E-01-28-59). Trata-se de 2 parques de estacionamento, mas que naquele dia estava reduzido apenas a um, junto á entrada do teleférico, já que o outro, completamente plano, estava a ser preparado para uma prova de Trial a realizar no fim de semana de 2 e 3 de Agosto.
Onde ficámos, junto com mais duas auto-vivendas Checas, de participantes nessa prova, o parque é inclinado, mas nada que não impedisse mais uma noite de sono profundo, para acordar, no dia seguinte, ao som do chilrear dos passarinhos.

Dia 30, e de pequeno almoço tomado, havia que ir colocar mais umas cartas com postais para os habituais amigos filatelistas, desta vez, com umas pequenas “brincadeiras” filatélicas, seguindo-se o ritual das compras que sempre fazemos em Andorra.
Primeiro, uns acessórios para uma das bikes, e aqui tive um pequeno problema, e que me obriga a alertar todos os companheiros das AC’s. Quando abrirem uma porta de bagageira, daquelas que abrem para cima e têm lá um encaixe de fixação, certifiquem-se bem se ficou bem fixado…não faço como um certo “gajo” em Andorra, que abriu a porta, pensou que encaixou bem a fixação, e quando ia a meter a cabeça dentro da bagageira para se certificar dum pormenor numa bike…levou com a porta na testa, e com tanta pontaria que escolheu logo a aresta da fechadura em vez da borracha vedante.
Resultado? Pegar logo na mala de primeiros socorros, análise dos danos causados (na testa é claro), e entrar na farmácia que ali estava mesmo em frente, para comprar adesivos, tipo grampos, e tentar estancar o sangue que teimava em não querer parar de sair, se bem que em pequena quantidade.
Feita essa operação, vamos lá ao resto das compras, porque havia muito caminho pela frente.
Compras para casa, algumas compras já a pensar no Natal, atestar bem o depósito de gasóleo, a 1,136€/Lt.
Pena que tivesse atestado a AC antes das últimas compras no centro comercial River…é que, ao sair, verifiquei que tinha um desconto de 7% nos combustíveis dessa mesma bomba onde tinha atestado meia hora antes….que raiva.
Feitas as contas, vinha parar a cerca de 1,06€/Lt, e ainda tinham sido 60 litros….
Bem, Andorra, para mim cada vez mais bonita, tinha de ficar para traz, rumo a Zaragoza.
Paragem na fronteira, só para me perguntarem se trazia tabaco…., e então olha a quem…”não uso disso, nem whisky, se bem que vão aqui 2 conjuntos de 2 garrafas para oferecer, estão aqui na….” E já nem me deixaram acabar a frase….”pode seguir, pode seguir”.
Muita estrada pela frente, pois o objectivo era pernoitar já para cá de Madrid.
Muito antes das férias, tinha previsto uma visita á Expo em Zaragoza, mas pelas informações que depois me foram dando e que fui lendo, desinteressei-me disso.
Breve paragem em Medinaceli, local escolhido por amigos nossos, que normalmente se deslocam de mota, para se hospedarem nas suas deslocações aos Pirinéus.
Tinha curiosidade em ver um local de pernoita para AC’s, indicado num site espanhol, e encontrei-o (N-41-10-20¸W-02-25-58). Fica registado para uma eventual necessidade, pois sossego deve ser coisa que ali não faltará, e, no caminho desde Medinaceli, ainda há uma fonte de água potável, que poderá fazer sempre falta.
Madrid, foi atravessada cerca das 19,30, e devo ter cometido uma proeza…sempre em 6ª. Cá para mim fugiu tudo de nós.
A pernoita, foi na AS de Lagartera (N-39-54-41; W-05-11-59), pataca localidade, onde a ultima noite destas férias, não fui diferente das restantes…calma e bem dormida, após uma larga tirada de 813kms.
Manhã seguinte e já sem muitas pressas, talvez fruto do dia seguinte, que apesar de ser uma 6ª feira, era de regresso aos empregos, lá viemos por Badajoz, Terrugem, onde almoçámos num parque junto á N4, pois nem havia necessidade de ir á AS.
E sempre pelas nossas estradas nacionais, eis que ao final da tarde, chegávamos a casa, com o resto da família á nossa espera, após quatro semanas, certinhas, de férias.


28 maravilhosos dias, energias recuperadas para o regresso ás lutas diárias, se bem que, pouco tempo faltava para outra semana de férias, esta de programação anual obrigatória, pois assim o exige a entidade patronal da minha esposa.
Essa semana será objecto de outra mensagem.
Por agora, resta-me o capítulo final: as férias em números .

CAPITULO 7 - AS FÉRIAS EM NÚMEROS
E agora, vamos aos números…
Duração da viagem: 28 dias
Kilómetros percorridos: 5.084
Autocaravana: Joint Z480/Fiat Ducato, perfilada
Número de pessoas: 2
Combustível: 658,57€ (23,52€/dia)
Alimentação: 462,89€ (16,53€/dia)
Portagens / Estacionamentos: 30,40€ (1,09€/dia)
Dormidas: 21,00€ (uma noite em parque de campismo)
Não entro nestas contas, com os gastos em compras, quer para casa quer de recordações, embora também os tenha.
O consumo médio foi de 9,65Lt/100, e posso acrescentar que, á presente data, e ao fim de 9.352Kms a média está em 9,555Lt/100.
De referir que, todas as refeições foram tomadas na AC, e, já agora, que toda a alimentação que levámos de casa, também foram contabilizadas.

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